Por: Karina Alves Gonzalez Simonetti
Recentemente, um esquema de fraude envolvendo empresas prestadoras de serviços de home care foi exposto pelo programa Fantástico, da Rede Globo, causando grande repercussão na sociedade.
O escândalo revela falhas no controle e na fiscalização do setor, resultando não apenas em prejuízos financeiros significativos para o estado e uma organização criminosa que precisa e deve ser exterminada.
Nota-se que é extrema e crucial importância não condenar o segmento, mas sim as más empresas. É fundamental distinguir as empresas idôneas, que cumprem com as normas legais e éticas, das que praticam atividades fraudulentas.
É necessário refletir sobre o quanto a tecnologia pode desempenhar um papel crucial na prevenção e minimização de tais crimes, sem deixar de humanizar a relação com o paciente.
Essas fraudes apontadas na matéria do Fantástico envolvem a cobrança indevida por serviços não realizados ou a contratação de profissionais sem qualificação necessária para o atendimento. Algumas empresas recorrem, ainda, ao uso de documentos falsificados para justificar a prestação de serviços e fraude em processos licitatórios, em que maus profissionais estão diretamente envolvidos.
É relevante destacar que a maioria das empresas de home care no Brasil atua de maneira ética e responsável, buscando proporcionar um atendimento de qualidade a seus pacientes. Tais empresas seguem rigorosamente as normas estabelecidas pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e outras entidades reguladoras, garantindo, assim, um serviço adequado e seguro.
A tecnologia é sempre aliada quando bem utilizada, e se apresenta um diferencial no combate à fraude no setor de home care.
O uso de sistemas de monitoramento remoto, registros eletrônicos e inteligência artificial tem se mostrado eficaz na garantia da integridade do atendimento e na redução das práticas fraudulentas.
A tecnologia pode ser aplicada de diversas formas, com destaque para:
1. Monitoramento Remoto: Através de dispositivos de monitoramento de saúde, é possível acompanhar, em tempo real, as condições do paciente, como pressão arterial, temperatura corporal e frequência cardíaca. Esses dados são registrados e enviados automaticamente para os profissionais responsáveis pelo atendimento, facilitando a supervisão e a detecção precoce de irregularidades.
2. Automatização e Registro Eletrônico: A utilização de sistemas de gestão e de registros eletrônicos permite a documentação precisa e rastreável de todas as atividades realizadas com o paciente. Tais sistemas evitam o uso de documentos falsificados e tornam a auditoria mais eficiente, assegurando que os serviços cobrados foram efetivamente prestados.
3. Inteligência Artificial: Algoritmos de inteligência artificial podem analisar grandes volumes de dados e identificar padrões suspeitos, como cobranças irregulares ou discrepantes em relação aos serviços realizados. Com isso, é possível auditar e rastrear as atividades em tempo real, reduzindo as chances de fraudes.
4. Telemedicina e Consultas Virtuais: A telemedicina representa outra ferramenta importante para o acompanhamento dos pacientes que recebem atendimento domiciliar. Através de consultas virtuais, os profissionais de saúde podem monitorar a condição do paciente sem a necessidade de visitas físicas frequentes, facilitando a vigilância e permitindo que a equipe médica antecipe possíveis complicações.
Portanto, embora a fraude no setor de home care seja uma realidade, mas certamente pode e deve ser combativo para que as boas empresas não sejam rechaçadas, niveladas pelas más.
Trata-se de um problema significativo, que coloca em risco tanto a saúde pública quanto a confiança da sociedade.
No entanto, os envolvidos precisam acompanhar a evolução do tempos, e visualizar que é possível mitigar seus efeitos maléficos por meio de tecnologias adequadas e de uma fiscalização mais rigorosa.
Nesse sentido, a transparência, aliada ao monitoramento digital, surge como uma poderosa ferramenta para garantir a integridade do setor.
O home care desempenha um papel essencial na saúde pública, e a combinação entre gestão empresarial responsável, transparência e inovação tecnológica é crucial para garantir que as fraudes sejam combatidas, e que os pacientes recebam os cuidados a que têm direito.
Escrito por:
KARINA ALVES GONZALEZ SIMONETTI
Advogada e Sócia do Escritório Gonzalez & Simonetti Sociedade de Advogados
Mestre em Direito, Professora Universitária e Palestrante
Integrou o Comitê de Estudos sobre Atenção Domiciliar da Ordem dos Advogados do Brasil
Integra a Comissão de Cooperativismo da OAB/SP
LinkedIn: Karina Gonzalez Simonetti
E-mail: karina@gonzalezsimonetti.adv.br